O Tempo Festival chega a sua 7° Edição, confira a programação!
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Tempo_Festival (foto: Divulgação) |
Entre os destaques do festival internacional, um rico recorte
da cena artística polonesa e o novo espetáculo de Aderbal Freire-Filho
Com curadoria de Bia
Junqueira, Cesar Augusto e Márcia Dias, o TEMPO_FESTIVAL chega à
sétima edição e, como já é tradição na cidade, ocupa diversos espaços entre 17
e 23 de outubro, com pelo menos uma estreia por dia e uma programação repleta
de aguardadas atrações internacionais e nacionais. São 13 atrações estrangeiras
e quatro brasileiras inéditas, entre elas a nova peça de Aderbal Freire-Filho.
Outros destaques são: ‘Eu, Malvolio (I,
Malvolio)’, do ator, escritor e diretor inglês Tim Crouch; a peça
musical ‘Vamos Fazer Nós Mesmos (Let ‘s
do it Ourselves)’, do coletivo Wunderbaum,
um dos principais representantes da cena contemporânea dos Países Baixos; além
de espetáculos poloneses como ‘Apocalipse (The Apocalypse)’, do diretor Michal
Borczuch; ‘Na Solidão dos Campos de Algodão (In The
Solitude of Cotton Fields)’, de Radoslaw
Rychcik; e ‘Ewelina Chora (Ewelina’s
Crying)’, de Anna
Karasińska.
O festival também reúne mais dois espetáculos, vídeos, oficinas
e debates da cena polonesa. Entre eles, três encontros para debater a cultura
do país: um descortinará a obra do diretor de teatro e artista visual Tadeusz
Kantor e outros dois com o dramaturgo e critíco Piotr Gruszczyński, que
abordará a memória e a criação na cena
polonesa; e o conceituado artista visual e diretor teatral Wojtek Ziemilski,
que apresentará uma autobiografia e o material documentário
na performance contemporânea.
A curadoria e execução da homenagem foram organizadas em cooperação com o Instituto Adam
Mickiewicz, sob a sua marca emblemática Culture.pl, como parte do projeto de
apresentação da cultura polonesa no Brasil realizado em 2016, e cofinanciado
pela Prefeitura de Varsóvia.
“O recorte da cena polonesa aponta para a vocação
do teatro por excelência. Ou seja, teatro como lugar de expressão e maturação
do ser social. Não é à toa que o teatro polonês se apresenta como berço de
grandes nomes e referências que influenciaram a produção da riqueza cultural
contemporânea.” – resume Bia Junqueira.
Abertura – 17 de
outubro
O TEMPO_FESTIVAL ocupa diversos espaços
do Oi Futuro Flamengo. Na Abertura, com
dois espetáculos. Às 19h30, o público poderá assistir ao espetáculo “Invisível”, uma coprodução entre Brasil e
Holanda, protagonizada pela atriz Mariana
Nunes, e que tem como pano de fundo a invisibilidade da mulher negra na
sociedade brasileira. O monólogo, escrito pelo brasileiro Patrick Pessoa e dirigido pelo holandês Jörgen Tjon A Fong, é um desdobramento do trabalho desenvolvido
pela dupla durante a residência artística Holanda-Brasil, HOBRA, realizada pelo
TEMPO_FESTIVAL, em julho deste ano. Já às 21h30, ‘Pequena Narrativa (Small Narration)’, uma performance de Wojtek Ziemilski que mistura diversas
expressões artísticas combinadas a fatos históricos. A peça se desenrola
através da narração de um neto de um cidadão polonês que colaborou com a
polícia secreta comunista e se utiliza de uma performance para explicar à
familia suas escolhas, misturando videoarte e coreografia contemporânea, teatro
e realidade, tudo para lidar com suas dolorosas lembranças
Os dois espetáculos representam uma síntese do conceito desta
edição, cuja curadoria se apoia em três pilares: a criação, a provocação e o
desenvolvimento. A expressão ‘SOMOS’ surge como reflexão diante da pluralidade
de linguagens e miscigenação entre os trabalhos, criadores e artistas. “Interrogativas como ‘Quem somos? ’; ‘O que
somos? ’; ‘Por que somos?’ serão apresentadas através de diversos formatos, ao
longo da programação”, resume Cesar Augusto.
“Invisível” terá reapresentações nos
dias 18 e 19, na Sede das Cias, na Lapa.
Dia
18 de outubro
No dia 18, o TEMPO apresenta, também no Oi Futuro Flamengo, uma
mostra de vídeos em homenagem ao célebre Tadeusz
Kantor (1915-1990) – cinco dos mais importantes registros das performances teatrais
do artista polonês multimídia, que atuou em diversas áreas
como pintura, desenho, escultura, encenação, happening e performance. Além da
mostra, segue no espaço a
videoinstalação interativa ‘Monólogos de
Gênero’, da holandesa-uruguaia Diana
Blok, aberta no dia 19 de setembro, e que permanece até 23 de novembro no
Oi Futuro Flamengo. O conceito da instalação coproduzida
pelo festival desafia os limites culturais e históricos acerca da identidade de
gênero. Quatro artistas brasileiros e dois holandeses se caracterizam como
personagens ou personalidades icônicas e, em filmes de seis minutos cada,
interpretam versões originais de textos sobre amor e perda. O público poderá
ver Mateus Solano como
Cinderela, Dani Barros como o poeta e dramaturgo francês Antonin Artaud,
Grace Passô como Martin Luther King Jr., Matheus Nachtergaele
reinterpretando a mãe, Maria Cecília (que homenageou no monólogo “Processo de
Conscerto do Desejo”), e os holandeses Cas Enklaar como Liuba
Andrêievna (personagem da peça “O
Jardim das Cerejeiras”, de Anton Tchecov) e Abke Haring como Hamlet, de
Shakespeare.
A partir do dia 18, e ao longo de quatro dias, o Instituto CAL
de Arte e Cultura recebe a ‘Oficina Luna’, mais uma atração
polonesa. A oficina será conduzida pelo diretor Grzegorz Jarzyna – um dos grandes diretores da cena polonesa,
reconhecido internacionalmente – e pela autora, roteirista e pesquisadora Anna Nykowska, e terá como temas
centrais os problemas ético-sociais do mundo moderno, e a condição humana em
uma comunidade utópica. Ao fim da oficina, um ou dois atores serão escolhidos
para o próximo filme do diretor, a ser rodado em julho de 2017, inspirado no
tema central da oficina.
O espetáculo ‘Na Solidão
dos Campos de Algodão (In The Solitude of Cotton Fields)’, também parte da
mostra polonesa, estreia no ECM Sérgio Porto. Assinada por Radoslaw Rychcik, a peça é uma combinação de teatro,
performance e show ao vivo. Adaptação do clássico de Bernard-Marie Koltés, que estreou na
França em 1987 e logo se tornou uma obra-prima contemporânea, o texto é baseado em um confronto
ilícito entre um dealer e um cliente,
revela um dilema existencial de autoaceitação, mas também uma luta pelo
amor da audiência. Tudo com a banda The
Natural Born Chillers em cena, além de dois atores.
Dias 19 e 20 de
outubro
Nos dias 19 e 20, o Teatro Gláucio Gill recebe o espetáculo
polonês ‘Ewelina Chora (Ewelina’s
Crying)’, que revela como são os trabalhos de
arte moderna na era da mídia. A diretora, Anna
Karasińska, cria uma situação teatral particular,
onde quatro atores interpretam a si mesmos, na visão de outros, de forma a
misturar ficção com realidade. Fofocas se colidem com estereótipos culturais e
as falas ditas no palco multiplicam as encarnações representadas. O espetáculo
conta com grandes e prestigiados atores da cena polonesa e desde que estreou
prorrogou diversas vezes e foi convidado para festivais.
No dia 20, o ECM Sérgio Porto recebe, em parceria com o British
Council, o espetáculo britânico ‘Eu,
Malvolio (I, Malvolio)’, do ator, escritor e diretor Tim Crouch. A obra – parte da série de espetáculos de Crouch
inspirados em personagens de Shakespeare que também inclui ‘I, Caliban’, ‘I,
Peaseblossom’ e ‘I, Banquo’ – é
uma comédia solo inspirada em ‘Noite de
Reis’ (Twelfth
Night) de Shakespeare, que recria o personagem Malvólio, o mordomo puritano que
acaba tornando-se vítima de sua própria vaidade.
‘Eu,
Malvolio (I, Malvolio)’ terá
reapresentação no dia 21,
noEspaço Culltural Municipal
Sérgio Porto.
Dias 22 e 23 de outubro
Uma grande estreia
acontecerá no dia 22: ‘A Paz Perpétua’,
com direção de Aderbal Freire-Filho,
uma fábula
teatral de Juan Mayorga protagonizada por três cachorros: Odin (João Velho),
Emanuel (Cadu Garcia) e John-John (José Loreto), que disputam, através de um
misterioso processo seletivo liderado pelo cão Cassius (Alex Nader) e pelo
Humano (Gillray Coutinho), a prestigiada "coleira branca", que só é
dada à elite canina de combate ao antiterrorismo. A montagem nacional, que fica
em cartaz até o dia 11 de dezembro, no Oi Futuro Flamengo, é um desdobramento
do projeto ‘Internacionalização da Dramaturgia Espanhola’, capitaneado pelo
TEMPO_FESTIVAL, em 2015, que resultou
em uma preciosa coleção de livros de autores contemporâneos
espanhóis, com textos traduzidos por artistas brasileiros e editados pela
Cobogó. ‘A Paz Perpétua’ teve tradução do próprio Aderbal.
“A estreia nacional de ‘A Paz Perpétua’, no TEMPO_FESTIVAL,
concretiza a aposta do governo espanhol no programa de internacionalização da
dramaturgia, que tem a maior importância pela difusão que possibilita do teatro
contemporâneo espanhol’’, afirma Márcia Dias.
No Teatro Glaucio
Gill, dia 22, estreia o espetáculo holandês ‘Vamos
Fazer Nós Mesmos (Let’s do it Ourselves)’, que aborda como seria a sociedade sem
governo: nos sentiríamos abandonados ou finalmente libertados? O espetáculo
teatral musical é parte do projeto cooperativo ‘New Forest’, do coletivo
holandês Wunderbaum, que retrata em
seus textos, sempre escritos de forma colaborativa, da transição das relações
sociais e lança um olhar sobre a sociedade de amanhã. O ‘New Forest’ consiste
em apresentações teatrais, seminários, um projeto de filme, e conteúdo online.
Em 2015, o coletivo ministrou, na programação do TEMPO_FESTIVAL, a oficina gratuita “Comédia Olímpica”. Durante
quatro dias, 15 artistas brasileiros das artes performáticas – do teatro, da
dança e da música – com os holandeses iniciaram os primeiros passos para a
montagem de uma peça homônima inédita. Nesta edição, estes atores participam
deste novo espetáculo, que também terá a participação de pessoas envolvidas com
voluntariado e ações sociais.
Encerrando a programação de estreias, ‘Apocalipse (The Apocalypse)’, do diretor polonês Michal Borczuch, aporta no Teatro Carlos Gomes. A performance
mostra o confronto ideológico entre um diretor de cinema assassinado na década
de 70 e uma repórter ícone do jornalismo político do Século XX. Os personagens
são inspirados no cineasta, poeta e escritor italiano Pier Paolo Pasolini, e na
escritora e jornalista, também italiana, Oriana Falacci. O encontro fictício
entre os personagens levanta dois diferentes pontos de vista. Enquanto Pasolini
viu a adoção de estrangeiros a ser a
única opção como escapar do contexto de violência da burguesia da Europa,
Fallaci acreditava que o afluxo de imigrantes acabaria com a civilização
europeia. A discussão mostra como o encontro com o ‘outro’ tem sido tema
recorrente da cultura desde os tempos antigos. Para fazer um paralelo com os
tempos atuais, o artista utiliza de sua ironia para criticar as modinhas
passageiras de filantropia que invadem a internet, como o “Desafio do balde de
gelo”. Imagens do YouTube sobre o ‘movimento’ se conectam com a proposta do
espetáculo através de um humor negro melancólico, preenchido com grandes
atuações.
O
Espaço Sergio Porto, no Humaitá, recebe dois processos nacionais: ‘Uma Frase
Para Minha Mãe’, e ‘Êxtase’. O primeiro, no dia 22, é uma leitura de Ana Kfouri
sobre a obra homônima do
autor francês Christian Prigent – que
pensa a escrita como “um gesto de arrombamento no corpo da
língua” – e convida o público a
transitar pela experiência da palavra, por uma fala que dá a ver sua força
ética, estética, experimental. O projeto tem tradução de Marcelo Jacques de Moraes
e colaboração artística de Marcio Abreu. O segundo, no dia 23, é ‘Êxtase’,
assinado pelas diretoras e atrizes Cristina Flores e Leticia
Monte. O espetáculo-instalação tem como ponto de partida a tradução-tese de
Ana Cristina Cesar para este conto de Katherine Mansfield. Esta adaptação
dramatúrgica do conto, sob orientação de Heloisa Buarque de Hollanda, foi
contemplada pelo Programa de Estímulo à Criação, Experimentação e Pesquisa
Artística da Faperj por sua proposta de pesquisa inovadora.
Também no dia 22, o TEMPO recebe, no Galpão Gamboa, uma oficina imersiva com Angel Vianna. O
objetivo é sintetizar a técnica desenvolvida pela bailarina ao longo de seus 88
anos de vida e 65 de carreira. O laboratório – uma investigação de corpo, identidade e criatividade
– será filmado e poderá integrar um documentário
sobre a artista.
O TEMPO_FESTIVAL
será realizado de 17 a 23 de outubro nos Teatros abaixo:
Teatro Carlos Gomes (Centro)
Oi Futuro
(Flamengo)
ECM Sérgio Porto (Humaitá)
Teatro Glaucio Gill (Copacabana)
Sede
das Cias (Lapa)
Instituto CAL de Arte e Cultura (Glória)
UNIRIO (Urca)
Galpão Gamboa (Gamboa)
Todos os ingressos do TEMPO_FESTIVAL têm preços
populares (até R$ 30 reais) ou entrada franca.
A classificação é 14 anos.


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